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Sunday, January 11, 2015

Aos que conhecem a revolução

Escrevo cartas para um tempo futuro
para os que viveram a Revolução
Eles não conhecem a vida de ouvir dizer
Eles têm o mundo inteiro, e sabem o que fazer com ele!
Não lhes peço armas - lhes peço razões
Não invento frases - escrevo sentimentos
Não uso a energia que resta
 pra proteger castelos de areia

Apenas escrevo e envio minhas cartas aos que conhecem a Revolução!
Eles não conhecem o medo de ouvir dizer
Eles têm coragem, e sabem o que fazer com ela!
Coragem de sair pela manhã
Encontrar o sol de um novo dia
E entender o canto dos que nos chamam do amanhã

Por isso envio cartas ao amanhã

pra esses que de fato conhecem a Revolução
Eles não conhecem os fatos de ouvir dizer
Eles têm o silêncio e o grito, e sabem o que fazer com eles!
Cultivar os filhos do próximo canto
Beber o vinho dos seus aniversários
Mergulhar no vazio de suas almas serenas

E então envio cartas aos que conhecem a Revolução
Pois eles não conhecem o tempo de ouvir dizer
Um dia – nessa ou em outra vida – essas cartas serão abertas
Suas razões e sentimentos serão o mundo
O seu sol e seus cantos serão coragem
Seus filhos e sual alma serão o silêncio e o grito, vivos e presentes!
O mundo então verá os que conhecem a Revolução
…e  ele saberá o que fazer com eles!!!

Portanto jamais deixarei de enviar cartas aos que conhecem a Revolução!
Não existiriam muitas coisas sem elas…
…nem revolução, nem mundo que valesse o tempo!
Aos Bravos, os braços… …num abraço que não leva nome, tempo ou piedade!




(À Miguel de Paula Pimentel, a quem por muito tempo enviei
todas as cartas que escrevi e recebi nessa vida!
Escrito em 18 de abril de 2009
Montréal - Québec)


Thursday, January 8, 2015

Histórias

“Cada um responde com a bagagem que tem!”
Existem frases, lugares, pessoas, situações que NUNCA esquecemos! Fazem parte da coleção de paisagens que colhemos durante nossa trajetória.
No entanto, o Passageiro não se lembra: ele vive!
E também não carrega bagagem: ele é!
Certa vez inventei a história de que um Lobo teria devorado, por pura vaidade, uma rosa - na verdade, a Rosa Mais Bonita. Como maldição por seu ato de ganância, ele perdeu seus olhos, e foi condenado a vagar pela eternidade, trazendo consigo apenas sua lembranças e a essência da Rosa que havia destruido. Das pedras, do cheiroda chuva e do sol desse caminho, nasceram os sentidos, as almas e as virtudes.
Ao supor que o Passageiro teria surgido dessa história, descobri que... ...ele É essa história!

(São Paulo, outubro de 2007)


Há alguns anos assisti - no programa “Provocações” da TV Cultura - a entrevista de uma menina, que trazia uma deficiência física bastante acentuada (não me lembro bem pois não era sua deficiência mas sua inteligência e sabedoria que chamavam a atenção!). Creio que ao ser perguntada sobre a sua compreensão das coisas diante de suas difificuldades, em relação às outras pessoas, ela começou a resposta dizendo: “Cada um responde com a bagagem que tem!” Não me lembro seu nome, mas nunca mais me esqueci disso!






Tuesday, December 2, 2014

Escolhas

Hoje a paisagem se define por um breve brilho na linha do horizonte
Alguns o chamam de esperança
Outros o chamam desespero
Meus demônios dizem ser o fim do caminho
e meus anjos me pedem pra fechar os olhos e ouvir o som do que tenho a dizer.

Escolhas!

...e tudo o que eu queria
   era apenas poder olhar pro horizonte em paz!





Wednesday, December 25, 2013

Feliz Natal pra todos, feliz Natal!!

Sempre gostei de contar histórias!

Foi em 2005, novembro. Acho que era uma sexta-feira. Já tínhamos luzes de Natal!

Passadas cerca de duas horas naquela loja de brinquedos - onde brincamos com cada brinquedo que chamou a atenção de nossa pequena aniversariante, decidimos qual seria o primeiro presente de aniversário, do primeiro aniversário de nossa primeira filha. Era um fim de tarde e estávamos provando algo novo, e ímpar: entrar em uma loja de brinquedos como pais e não mais como filhos. O poder de escolher e comprar, e não mais a espera de que fosse comprado o que queríamos. Creio que brincamos mais do que nossa filha, e por fim, decidimos comprar uma piscina inflável, dessas que a gente enche de bolinhas e as crianças adoram entrar e jogar tudo pra fora - nos custou algo em torno de 80 Reais!

Éramos "Os pais" que compram presentes pros filhos, e não mais "Os filhos" que esperam presentes dos pais!

Quando saímos, o dia nem era claro demais pra ser ainda dia, nem escuro o bastante pra que já fosse noite. As imagens dos prédios em frente, os carros que se aglomeravam no farol da Veiga Filho com Albuquerque Lins, a pouca luz, aquela caixa enorme na parte debaixo do carrinho de bebê, o nosso bebê sentado em seu carrinho... ...tudo reforçava a idéia de autonomia e segurança que sentíamos no então papel - ainda recente - de pais. Durante um intervalo de alguns segundos, uns poucos passos na pequena rampa que separa a porta da loja e a calçada, tudo parecia extremamente sólido... ...até ser completamente quebrado no instante seguinte... ...mais uns poucos segundos... ...uma sequência de imagens corriqueiras.

Na porta da loja de brinquedos, ao lado de uma pilha de caixas de papelão, o gerente da loja autorizava um garoto - que pela estatura não parecia ter mais do que uns dez anos de idade - a pegar aquele papelão todo. Por mais que fosse demais para ele, ele abraçou uma grande quantidade e meio torto e curvo cruzou minha frente para colocá-los em uma pequena carriola - dessas iguais a carroças puxadas por burros, mas adaptada pra ser puxada por um... ...menino.

Ele esperou que passássemos para continuar a carregar as caixas... ...nós passamos por ele com nossa caixa e nossa vida. Me lembro de ter grunido alguma coisa sem graça com meu sorriso sem graça enquanto olhava seu rosto mas ele não se deu conta de que era com ele. Nos passos seguintes, pensei em voltar e ajudar a carregar as caixas, ou entrar na loja e pedir pra que ele escolhesse um brinquedo, ou levá-lo pra comer alguma coisa ou... 
   ...me lembro de em silêncio ter me colocar a dúvida de estar pensando em alternativas pra minimizar o sofrimento daquele garoto, ou minimizar o meu! Me lembro de ainda ter me voltado e ver o garoto puxar a carriola rua acima, com a força de sua tração.

Ao dobrar a esquina conversei sobre isso com Leila: sobre sermos pais, sobre o garoto, sobre nossa garotinha, sobre nossa caixa...

...a partir desse ponto de minha vida, as luzes de natal me lembram esse garoto...

...essa é a minha lembrança de Natal!

...acho que era uma sexta-feira... ...talvez sábado!


Estávamos muito felizes!


Sempre gostei de contar histórias!




Montréal - 21 de Dezembro de 2010





Sunday, November 3, 2013

O Passageiro

O destino do Passageiro é o exílio
Sempre foi… …(mas não é o seu destino compreender)

O exílio de todos os lugares
Não existe lugar para o Passageiro
Mas existem pessoas… …ah sim, existem muitas pessoas
…existem muitas pessoas… …que passam
E a maioria delas não sabe disso
Pelo menos não sabem à tempo de poderem tocar o que passa!

Mas o Passageiro, que não possui lugares
(e já não busca lugares)
Ele toca as pessoas.
Algumas por um instante, algumas por toda vida
E por todas elas é conduzido
O Passageiro jamais conduz
E tanto as pessoas quanto os lugares não sabem disso…
…é incrível: eles não sabem!
E sempre foi assim!

Todas as viagens são longas
E todos os caminhos diferentes, mesmo os caminhos de volta
…o Passageiro sabe que não existe volta!
Talvez seja isso que sua alma procura
E certamente isso é o que ela nunca vai encontrar!

A esperança do novo lugar é imensa e viva
Mas é na dor do exílio que ele se reconhece
…já faz tempo demais, e é de sua natureza
O exílio de todos os lugares
O exílio de todas as pessoas
E o tempo que concorda com tudo isso
(ele é o único que acompanha o Passageiro;
   sempre singelo, cruel e sempre, sempre sorridente)

O Passageiro fala muitos idiomas
Mas nenhum é compreendido pelos Homens
Por isso ele toca as pessoas
         por um pouco de alimento, pra matar a sede, pra se esconder do frio
Algumas por instantes, outras por toda vida
O tempo é o único que acompanha o Passageiro
E permite que o passado possa ser lido em seus olhos
Mas as pessoas não falam esse idioma
E não olham, não sabem, e não entendem seus olhos
…e a maioria delas não sabe disso
E sempre foi assim!

Mas o Passageiro sabe onde fica a porta de entrada
E sempre se emociona ao contemplar a paisagem…
…as paisagens do tempo passado
   que nunca são as mesmas
   porque não existe caminho de volta!
O Passageiro conhece o futuro
Porque o destino do Passageiro é o exílio
e sempre foi assim!!!


(Montréal, 30 de julho de 2008)

Tuesday, October 29, 2013

Quando não se quer mais ir adiante

Quando não se quer mais ir adiante
O futuro é humano
E o presente, um brinde à beira do abismo

O passado é vivo
Se disfarça de tapete vermelho
...não desbota... ...não se afasta...
        
Tenho meus pés como raízes
Se alimentam do solo por onde passam
Esmagando o dia-a-dia
                                    vivo e radiante
                                            em suas dores
                                                   em suas perdas
                                                          em suas mortes!

Quando não se quer mais ir adiante...
                                                                ...sorria...

Como se existisse algo
Como se existisse força
Como se existisse caminho!


Simplesmente sorria!!!



(Montréal - 14 de Dezembro de 2010)


Thursday, October 24, 2013

Pessoas Felizes!


Sinto falta de pessoas felizes!
Vejo pessoas cansadas
Pessoas distantes
Pessoas fúteis
Pessoas amargas
Pessoas velhas
Pessoas descrentes
ou crentes em demasia!
Pessoas que sentem remorços,
que devem dinheiro,
que não têm moral,
que não tem coragem
que se entregam aos vícios...

A felicidade é algo que gostaria de viver hoje,
pois hoje é o único lugar em que se pode ser feliz!

Hoje é o único tempo em que temos vida.
O ontem e o amanhã, são tempos que não existem!
E justamente hoje sinto falta!

Sinto falta da felicidade nas pessoas.
Como quem procura o calor do sol num dia cinzento
    sinto falta de pessoas que não dêem desculpas, 
    de pessoas que não dêem milhões de explicações!

Sinto falta de pessoas felizes!

Sinto falta de pessoas cansadas felizes
Pessoas distantes felizes
Pessoas fúteis felizes
Pessoas amargas felizes
Pessoas velhas felizes
Pessoas descrentes ou crentes demais que se sintam felizes
em sua crença ou na ausência dela!
Pessoas que sentem remorço mas são felizes
Pessoas que devem dinheiro e são felizes
Pessoas que não tem coragem e são felizes
Viciados... ...que nos momentos além do vício ao menos enxergam
e sentem, o que é estar feliz!

Não tive hoje um dia de sol e de pessoas reais que sabem o que é estar feliz
E justamente hoje, eu sinto que estou farto do Amanhã...
...apesar de ser quem sou, de saber o que sei, e seguir pra onde vou!

É irônico ao mesmo tempo, ser passageiro e caminhar sozinho!


(Montréal - 18 de Maio de 2009)




Tuesday, October 15, 2013

"dEUs"


...e pensaram a vida...
...algo extremamente simples:
uma pequena caixa quadrada fechada boiando no oceano.
Ela é pequena mas grande o suficiente pra abrigar e conter o que aprendemos a chamar de vida.
Não é possível perceber que há algo do lado de fora, mas sentimos o movimento das marés... ...ora calmaria, ora tempestade!
Ali contida a vida poderá seguir seu curso até o fim de seus dias. Tudo é permitido... 
...inclusive olhar para cima...
...inclusive abrir a caixa e contemplar a imensidão do céu dentro da moldura quadrada da borda da caixa!
Não é preciso muito esforço para abrir a caixa, mas não são todas as vidas que aprendem ou decidem fazê-lo... ...afinal, tudo é permitido!
Tudo é permitido, até mesmo escalar as paredes da caixa e sentar-se em suas bordas, e descobrir o céu por inteiro...
...e descobrir o oceano...
...e oferecer uma outra dimensão à vida!
Descobrir que o céu não é uma imensidão contida numa moldura, mas é infinito.
Descobrir que o oceano é infinito como o céu, mas além disso, infinito em suas formas e no seu movimento que a cada segundo se reinventa numa nova composição que não será repetida jamais!
Entre eles, o horizonte.
Pra algumas vidas, uma fronteira...
                     ...pra outras, um beijo também infinito entre o céu e o mar!
Nesse momento, alguns - não todos - ainda descobrem um outro infinito, não visível mas não menos contemplável: o Tempo!
Sentado na borda da caixa é possível passar a vida inteira, encontrar a felicidade, ver sentido na existência humana, chorar, sorrir e viver em paz... ...pois tudo é permitido!
Tudo é permitido, até mesmo querer voar!
E existem vidas que querem...
                            ...existem vidas que se lançam ao ar...
                                                                                            ...existem vidas que voam,
                                                                                                                                e voam,
                                                                                                                                     e voam,
e tomam pra si a imensidão que o céu oferece!
Existem as vidas que se lançam ao ar, mas caem na água e se vêem absolutamente sós, com os cacos de seus sonhos diante de seu universo infinito interior.
... ... ... ... ...
...após o silêncio, algumas dessas vidas passam o resto de seus dias tentando voltar pra dentro da caixa!
Outras, aprendem a nadar e seguem o mais longe que puderem, descobrindo as marés e os novos movimentos do dia - que nunca se repetem!
Mas ainda algumas poucas, arriscam o mergulho,
                            e descobrem a imensidão infinita do fundo do mar!
                                      ...e descobrem um mundo novo e...
...e da forma mais difícil...
                                                                                             ...aprendem a voar, 

e voam, 




e voam, 




e voam!!!


O Ridículo, é o manto protetor do Passageiro.

Diante das questões indecifráveis sobre a vida, ele sempre repete aos que discutem:
“A vida é simples: 
ela é uma pequena caixa quadrada fechada boiando no oceano!”



“Mira Serena, você pode fazer um desenho pra mim?
Uma pequena caixa quadrada boiando no oceano. Você faz?

Imagem: Mira Serena - então com 6 anos.

Montréal - 25 de Maio de 2011

Monday, August 1, 2011

no meu bolso



“Nascemos pra viver no escuro...
andar no fio da navalha e cortar os pés tentando se equilibrar...
É o que nos mantém vivos: 
A impossibilidade!
A culpa sem chance de redenção!"*

Um dia', é aquele lugar que vai nos levar pra longe do que sufoca…
…há quanto tempo você espera por isso? 

Eu já nem me lembro mais do início do caminho...
Mas eu conheci pessoas amargas que deixaram de esperar...
pessoas amargas que se tornaram cegas...
pessoas cegas que se tornaram surdas...
pessoas surdas que se tornaram mudas
pessoas mudas que se tornaram mortas! 
Eu não me lembro do início do caminho... …mas eu não estou morto!
No meio da tempestade é preciso se erguer do que restou e recomeçar a caminhar… 
…eu não me lembro do início do caminho, mas sei que existe um caminho, e não estou morto...
...e também sei que caminhar depois da tempestade é fácil...
Não é aí que reside o meu valor!!! 

A tempestade não permite que eu veja, ou ouça nada…
…os sentidos não valem muito,
mas quando se sabe que não há um destino a ser alcançado,
os sentidos não são necessários! 
O destino é caminhar, não é achar um caminho!

É o que nos mantém vivos:
A impossibilidade!!!  

Não posso afagar-lhe os cabelos, fazer algo de prático ou lhe mostrar caminho algum, mas saiba que no meio da tempestade, eu sempre estarei em pé.
Eu sempre estarei caminhando em meio a tempestade…
…é pouco… …é tudo o que tenho…
…e tudo o que posso oferecer! 

'Um dia', é uma foto que carrego no bolso esquerdo, de um lugar que não existe…

Há quanto tempo você procura esse lugar?
Conheci pessoas amargas que deixaram de procurar…


…como são desatentos: esqueceram de olhar no meu bolso…
…esquerdo!!!"



*Miguel Pimentel, na canção "Eu era uma canção 3" (Miguel Pimentel/Rogerio Jesse).