das profundezas de um coração em chamas
doloroso, violento, cego...
Era dor - passado, presente... ...futuro
Era Lágrima
Insano, insensato, incoerente, inexato, impuro
Era Humano!
Quem ousaria gritá-lo?
Quem ousaria enfrentá-lo?
Ou ainda mais perigoso:
Quem ousaria ouvi-lo?
Quem ousaria queimar as próprias crenças?
...queimar os próprios preconceitos?
...aceitar as próprias vergonhas?
...encarar seus próprios descaminhos?
O Grito era o limite entre o desejo e a covardia
O Desejo de quem se despe pra se vestir da Liberdade de ser
E a covardia de quem se veste pra se proteger da intensidade do golpe
seja a bomba que explode de dentro
ou o míssil que atinge vindo de fora
O Grito vindo das trevas
Me mostrou a casa devastada
O amor perdido
O futuro em chamas
A indiferença partilhada
As memórias destruídas
E no 'silêncio' da solidão desse grito singular e anônimo
- na dissonância, meu homônimo e na discordância, meu assassino -
Veio a mim a certeza de estar perdido!
A certeza incandescente e impiedosa de estar perdido!!
E o Grito então se vai
Enquanto a intensidade de seu estrago só aumenta
E eu,
Agonizante, revolvendo cacos
Agonizante, revolvendo cacos
Reinventando sílabas
Espalhando lágrimas e sentimentos pelo rosto frágil
Ouvi uma voz de passos firmes e rápidos passar pelo meu desalento dizendo:
"Estar perdido é a única forma de se saber, de fato, onde se está!!"
E o Grito?
O Grito não dá explicações nem tampouco pede desculpas
O Grito não dá explicações nem tampouco pede desculpas
E em verdade nem se importa pra onde está indo:
Ele vai!!
Simplesmente vai!!!
(para Lívia)
Prezado RJ Gullicci parabéns pelo lindo poema. Emotivo, profundo, simplesmente encantador. Percebo que calor do momento inspirou-o e muito bem. Felicidades.
ReplyDeletePenso que, na verdade, "O grito" não se importa para onde vai, porque sabe que vai conosco. E n´s também sabemos. Por isso, escrevemos...
ReplyDeleteParabéns e um Grande abraço, Gullicci!