Thursday, September 4, 2014

A Raiva e o Jovem Coração

A raiva é o desapego momentâneo do coração daquilo que o alimenta e lhe dá vida.

Um garoto, de coração ainda muito jovem e cheio de esperança me pergunta:
" - Por que o coração faz isso?
Por que quer se afastar do que lhe é mais caro?"

Eu não sei a resposta! Mas sei o quão perigoso é deixar um coração jovem sem certeza alguma pra refletir. Então respondo:

" - Os corações humanos são, definitivamente cegos.
Quando um coração é amado, cegamente tende a amar.
Quando um coração é machucado, cegamente quer machucar!
E um coração que é amado e por amor se machuca, cegamente quer maltratar e machucar a si mesmo.

Explode... 
...implode...
Imaginando se libertar, joga pra longe aquilo que o faz ser o que é!

Momentaneamente se perde!!

É altruísta pois imagina que destruindo a si mesmo acabará com o sofrimento do mundo inteiro. 
É egoísta pois no intuito de se destruir, destrói todas as coisas que residem ao seu lado.

E quando os destroços são muitos, e se continua perdido por muito tempo, a raiva pode se tornar mágoa, que se torna desencanto, que se torna veneno, e que finalmente passa a ser a única coisa que se tem a oferecer.

E o que sobra é silêncio, às vezes desespero, às vezes só o vazio...
...não me lembro de sobrarem coisas boas! Não me lembro!"


O jovem me olha com toda sua esperança e alegria, como quem consegue no meio da tempestade o melhor abrigo, e diz:

" - É preciso que as pessoas saibam disso! É preciso que saibam!"

Me detenho alguns segundos em um suspiro discreto enquanto me passa pela cabeça que sim, as pessoas já sabem. Mas de nada vale saber quando o saber está na mente, e a raiva no coração. Quando o saber são palavras e o coração, sentimentos.


Penso mas nada digo. Apenas repito:

" - Sim, é preciso que saibam!"



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