O destino do Passageiro é o exílio
Sempre foi… …(mas não é o seu destino compreender)
O exílio de todos os lugares
Não existe lugar para o Passageiro
Mas existem pessoas… …ah sim, existem muitas pessoas…
…existem muitas pessoas… …que passam
E a maioria delas não sabe disso
Pelo menos não sabem à tempo de poderem tocar o que passa!
Mas o Passageiro, que não possui lugares
(e já não busca lugares)
Ele toca as pessoas.
Algumas por um instante, algumas por toda vida
E por todas elas é conduzido
O Passageiro jamais conduz
E tanto as pessoas quanto os lugares não sabem disso…
…é incrível: eles não sabem!
E sempre foi assim!
Todas as viagens são longas
E todos os caminhos diferentes, mesmo os caminhos de volta
…o Passageiro sabe que não existe volta!
Talvez seja isso que sua alma procura
E certamente isso é o que ela nunca vai encontrar!
A esperança do novo lugar é imensa e viva
Mas é na dor do exílio que ele se reconhece
…já faz tempo demais, e é de sua natureza
O exílio de todos os lugares
O exílio de todas as pessoas
E o tempo que concorda com tudo isso
(ele é o único que acompanha o Passageiro;
sempre singelo, cruel e sempre, sempre sorridente)
O Passageiro fala muitos idiomas
Mas nenhum é compreendido pelos Homens
Por isso ele toca as pessoas
por um pouco de alimento, pra matar a sede, pra se esconder do frio
Algumas por instantes, outras por toda vida
O tempo é o único que acompanha o Passageiro
E permite que o passado possa ser lido em seus olhos
Mas as pessoas não falam esse idioma
E não olham, não sabem, e não entendem seus olhos
…e a maioria delas não sabe disso
E sempre foi assim!
Mas o Passageiro sabe onde fica a porta de entrada
E sempre se emociona ao contemplar a paisagem…
…as paisagens do tempo passado
que nunca são as mesmas
porque não existe caminho de volta!
O Passageiro conhece o futuro
Porque o destino do Passageiro é o exílio…
…e sempre foi assim!!!
(Montréal, 30 de julho de 2008)
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